Reeleito, Obama pede ‘soluções bipartidárias’ a líderes no Congresso

presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, telefonou para os líderes dos dois partidos no Congresso para manifestar seu compromisso em trabalhar juntos para combater o déficit público e reduzir impostos, informou a Casa Branca nesta quarta-feira (7).

As ligações foram feitas desde a noite de terça, após a confirmação da vitória de Obama sobre o republicano Mitt Romney.

“O presidente reiterou seu compromisso para encontrar soluções bipartidárias para: reduzir o déficit de um modo equilibrado, cortar impostos para famílias de classe média e pequenos negócios e criar empregos”, disse uma autoridade da Casa Branca.

“O presidente disse que acredita que o povo americano mandou uma mensagem na eleição da véspera, de que os líderes de ambos os partidos precisa colocar de lado seus interesses partidários e trabalhar com propósito comum para colocar os interesses do povo americano e da economia americana em primeiro lugar”, disse.

Obama ligou para o presidente republicano da Câmara de Representantes, John Boehner, para o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, para o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, e para a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.

Malia, Sasha, Michelle e Barack Obama embarcam no helicóptero Marino One, em Chicago, nesta quarta-feira (7), de volta a Washington (Foto: AFP)

 

A preocupação mais imediata de Obama será confrontar o “abismo fiscal” de aumentos tributários automáticos e cortes de gastos, medidas que podem interromper a lenta trajetória de recuperação da economia, e os mercados financeiros globais refletiam isso nesta quarta-feira, quando Wall Street operava em clima de desânimo pós-eleitoral.

Os norte-americanos preferiram conservar o “status quo” de um governo dividido em Washington. O Partido Democrata manteve a maioria no Senado, mas a oposição republicana conseguiu novamente formar maioria na Câmara, o que lhe dará poderes para barrar iniciativas do presidente em qualquer tema, de impostos a reforma da imigração.

Essa é a realidade política que Obama encontrará quando voltar a Washington, na noite desta quarta-feira, após obter sobre Romney uma vitória bem mais apertada do que na sua histórica eleição como primeiro presidente negro do país há quatro anos.

Mas isso não o impediu de se deleitar com o resultado eleitoral junto com milhares de admiradores, já na madrugada desta quarta-feira em Chicago, cidade onde fez carreira política.

Obama antes do discurso da vitória, em Chicago, EUA

“Vocês votaram por ação, não pela política de sempre”, disse Obama, propondo acordos bipartidários para reduzir o déficit, reformar o código tributário e as leis de imigração e diminuir a dependência do petróleo importado.

Os problemas que importunaram o primeiro mandato de Obama, lançando uma longa sombra sobre as promessas eleitorais de mudança e esperança feitas em 2008, ainda estão diante dele.

O presidente precisa resolver déficits anuais de US$ 1 trilhão, domar uma dívida nacional de US$ 16 trilhões, reformar custosos programas sociais e lidar com a divisão do Congresso.

O foco mais urgente de Obama e dos parlamentares será resolver o “abismo fiscal”, que ameaça tirar cerca de US$ 600 bilhões da economia por causa do aumento de impostos e cortes de gastos. Economistas alertam que isso empurraria o país para uma recessão e que só um acordo com o Congresso impedirá que as medidas entrem em vigor automaticamente.

O presidente da Câmara, o republicano Boehner, disse que iria  divulgar nota sobre o assunto, citando “a necessidade de que ambos os partidos encontrem um terreno comum e deem passos juntos para ajudar nossa economia a crescer e a gerar empregos, o que é crítico para resolver nossa dívida.”

A preocupação com os problemas fiscais dos Estados Unidos contribuíram para que os investidores buscassem ativos mais seguros nesta quarta-feira, causando uma queda global nas bolsas de valores.

Os três principais índices mercantis do país registraram baixas superiores a 2% no final da manhã, sendo que o Dow Jones caiu quase 300 pontos. As preocupações com a zona do euro também contribuíram para a tendência.

Obama deve lançar nos próximos dias uma proposta para resolver a crise fiscal, mas Boehner já deixou claro que manterá sua oposição a qualquer aumento tributário para os norte-americanos mais ricos, como exige o presidente.

Fonte: G1