“Férias e qualidade de vida”

Tempo para os filhos
Nesse mundo de imagens, cores e movimentos facilitado pelas várias novidades tecnológicas, é certo dizer que imagens valem mais que palavras. Mas, na verdade, penso que uma palavra pode valer mais do que mil imagens, dependendo da forma como é dita. É que, junto à palavra, pode vir o gesto, a expressão, com o gesto o abraço, o afago, o toque. E nessa associação de ideias me lembrei das férias escolares. Daí dar uma atenção especial às crianças e adolescentes que estão ávidos por descanso e divertimento, e por estar junto, agora, especialmente, com a família.

Pai, mãe, tio, avô… Se você tem uma criança e cuida dela, reserve tempo para estar com ela nessas férias escolares. Abandone o aparelho celular e a comunicação eletrônica e virtual; esqueça um pouco essa tecnologia e fique junto, esteja presente e se dê de presente (no meu trabalho, vejo o quanto as crianças são carentes desse tipo de contato com os pais).

Converse, brinque, dance com ela, role no chão, dê gargalhadas, espalhe brinquedos, proponha um jogo de tabuleiro, pinte, risque, rabisque, recorte. Invente brinquedos e brincadeiras. Ouça uma música e cante junto, ou aprenda uma nova música com ela (você pode aprender muito com ela, sabia?). Leve-a com você ao futebol ou a outro esporte qualquer, ou jogue com ela. Leve-a ao cinema, ao teatro, ao parque. E, se o dinheiro é pouco, invente um passeio a pé, em um lugar gostoso; bole um piquenique. Se for ao shopping fiquem juntos, nada de um para um lado e outro para o outro. Olhe pra ela e converse. Tente responder a todas suas perguntas olhando pra ela, olhe-a nos olhos, não a deixe sem respostas. Faça perguntas também, e tente conhecê-la melhor, saber de suas expectativas e suas ansiedades.

Na criança, a segurança se instala nesse jogo de atenção e presença, e vai representar a segurança básica que vem do adulto que ela considera importante. Isso vai desenvolver na criança um adulto igualmente seguro. O ser humano seguro tem boa auto-estima, ama a vida e é capaz de amar o outro, daí, por que não investirmos um pouco mais em afetividade?

Nessa busca incessante pelo sucesso, muitas pessoas acabam por perder ou deixar para trás os seus sonhos e propósitos de vida. Acabam por renunciar e deixar em segundo, ou em último plano, o que se chama de qualidade de vida. Nenhuma busca pelo sucesso justifica abandonar os amigos, não ter tempo para a família, deixar de acompanhar o crescimento de um filho, ou dar atenção à pessoa que amamos. Trabalhar é necessário. Vencer na vida e conquistar o sucesso profissional pelos nossos méritos e esforços é extremamente gratificante, mas nunca devemos esquecer que o equilíbrio é essencial para sermos felizes.

Armando Alves, taxista, membro do PV de José de Freitas-PI.