Com a queda do Império Romano, estávamos em um tempo em que as ideias de Cristo haviam se espalhado muito, a Igreja Católica ergue-se como grande império. Passando, então, a perseguir quem lhe perseguia, implacavelmente. Além dos judeus, toda e qualquer pessoa que se opusesse aos dogmas católicos era imediatamente considerado uma ameaça. Estava aberta “a caça às bruxas”. Na época, bastava uma simples denúncia anônima, para que a Santa Inquisição logo trouxesse o denunciado a julgamento, sendo logo posto à fogueira.
Hoje, em plenos ares da Democracia, o argumento de que o voto é a vontade do povo, e que por isso, não pode uma Instituição destituí-lo, está relativizado. O Poder Judiciário entende, agora, que um voto conseguido através da captação ilícita ou do abuso do poder econômico não representa “o brado retumbante de um povo heróico”. Ele traz o descrédito às Instituições. Cabe, assim, à Justiça julgar inelegível os envolvidos nessa ilicitude sulfrágica.
Em nosso amado Piauí, o TRE tem feito uma verdadeira caça às bruxas. Basta uma denúncia, instala-se um processo e já temos um prefeito cassado.
A exemplo, podemos citar as cidades de José de Freitas e Esperantina. Contudo, em Esperantina vemos algo inusitado: o segundo lugar, diferente do que ocorreu em nosso torrão natal, não pode assumir o mandato, pois já foi julgado inelegível.
Assim, cabe uma inocente pergunta retórica: a Justiça não deve ser imparcial?
Se nas duas cidades, os dois candidatos mais votados respondiam por processos de inelegibilidade, nada mais justo que nas duas cidades tivesse a mesma sentença. Quantos processos sabemos que o atual gestor municipal responde na Justiça. E ainda assim, mal foi em alguns julgado?
O povo de Esperantina tem muito a comemorar, pois está livre de seus algozes. Faça-se novas eleições, mas com novos candidatos.
Já nós, pobres mortais freitenses, não podemos nos dar ao deleite de podermos votar e escolher nosso representante. Ele é posto e temos que aceitar.
Mas, já que decisão não se discute, decisão se cumpre, calo-me. Porém, despeço-me de vocês, caros leitores, com esta indagação: até quando nossa política será essa pandemônia entre anfíbios e répteis?
O rei tem o poder, mas é o povo, nas praças, que joga as cartas do baralho.
Por: Marcio Melo (professor da rede municipal em Teresina, especialista em Estudos Literários e acadêmico do curso de Direito na UESPI)