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De Reis a Vassalos

Matéria publicada em, 09/02/2011

No Brasil, a Constituição Federal em seu artigo 225 diz: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à comunidade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.” Mesmo assim, faltam no Brasil, políticas públicas direcionadas à preservação ambiental e recursos específicos para tal finalidade, além de interesse dos entes públicos de investimento em saúde ambiental. Na verdade, o que falta mesmo não são os recursos financeiros, mas vontade. Como outrora dissera Alexandre Herculano, famoso escritor português do século XIX: “Querer é quase sempre poder; o que é excessivamente raro é querer.”

Com a globalização, muito se tem falado em Desenvolvimento Sustentável. Podemos falar em desenvolvimento sustentável em todas as áreas, como saúde, transportes, agricultura, energia e tantas outras. Mas o que primeiro vem à mente nossa é o Meio Ambiente. Vimos catástrofes recentes como os deslizamentos em cidades serranas do estado do Rio de Janeiro, a crescente poluição de importantes rios brasileiros (como se houvesse algum rio sem importância!), como o Tietê em São Paulo, e o lixão a céu aberto em Teresina. Parece que estamos distantes de todos esses casos, e que nenhum deles nos atinge direta nem indiretamente. Ledo engano! O derretimento das geleiras, por exemplo, é o impacto mais visível do aquecimento global. Seu desaparecimento afetará as reservas de água doce para centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. E isso é só um exemplo das conseqüências do desenvolvimento a todo custo que vem acontecendo no mundo inteiro.
Em nível mundial, constantes estudos têm sido feitos a respeito das mudanças climáticas e das consequencias do aquecimento global advindas do desenvolvimento desenfreado. Mas tudo isso parece passar muito distante da nossa realidade. Será?

Bem, só pra relembrar, como reza nossa Carta Magna de 1988, é dever do poder público defender e preservar o meio ambiente como bem coletivo e para todas as gerações. Será mesmo assim, para todas as gerações?!

Analisemos um pouco da nossa realidade. Existem coisas que nos dão saudade. Oh, que saudade! Todo mundo lembra, principalmente nas cidadezinhas do interior, dos banhos na chuva indo até o riacho nos tempos de criança. Pois é. Aqui em nossa cidade, onde todo mundo se conhece e se cumprimenta, anda de bicicleta e faz xixi no meio da rua, algumas atrações fazem falta às gerações de hoje em dia. Quem, com mais de 20 anos, não recorda da sombra dos criolís, das águas frias e do grande fluxo de gente no Açude Pitombeira aos domingos? Quem nunca esperou as primeiras chuvas fortes pra sair correndo dar pulo de faca nas águas do Açude Novo? Difícil não lembrar, né?! Volúpia! É gente, mas essas aventuras gostosas dos tempos idos já não são possíveis atualmente, pois os dois balneários descritos já não existem mais com suas formosuras, são apenas lânguidas imagens daquilo que um dia foram. É verdade! Todo mundo pode constatar in loco a situação deplorável em que se encontram os dois ex-pontos  turísticos.

De quem é a culpa? Ah, culpados disso tudo somos todos nós, que nos omitimos de cobrar do poder público as providências devidas, que nos calamos diante dos descasos oficiais. Enfim, que deixamos para trás e a cair no esquecimento aquilo que identificava a pureza da nossa alma, que expressava um pouco da nossa mais extrema LIBERDADE.

(Eduardo Cardoso – Professor de Inglês da Rede Pública Municipal e Estadual de Ensino – José de Freitas-PI)


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