Carta às Autoridades

Geosvaldo Ferreira, servidor da Justiça Federal do Trabalho

É de conhecimento geral e notório que a polícia militar tem agido corriqueiramente fazendo apreensões de motocicletas neste município. Essas apreensões atendem a uma política de governo que visa, principalmente, garantir a quitação de impostos e taxas junto ao Detran-PI.

A polícia militar tem sua extraordinária importância acentuada na prevenção de crimes e no combate aos criminosos. Muitas vezes, nessa missão, bravos policiais vão para o confronto direto e/ou corpo a corpo com bandidos, em certas ocasiões, de altíssima periculosidade. Por isso, para estes heróis, aproveitamos esta oportunidade para prestar todas as nossas homenagens.

Infelizmente, a título de exceção, percebe-se a existência de personagens com desvios de conduta dentro das instituições, os quais dificultam todo um trabalho de conquista do respeito e confiança dessas instituições junto a toda a comunidade. A identificação dessas exceções dentro de qualquer instituição é de relevante importância para a manutenção e/ou resgate do respeito e confiança, outrora mencionados, entre os referidos órgãos e o povo, que por sua vez é fundamental para o sucesso pleno de qualquer política pública feita em defesa da sociedade.

Toda iniciativa das autoridades que tenha como objeto o cumprimento da legislação vigente, inclusive quanto à cobrança de impostos ou taxas, nunca teremos a intenção de dificultá-las ou embaraçá-las. Por isso, nem de longe, nos insurgiremos contra políticas como a que está em tela.

Não podemos perder de vista, no entanto, que o público alvo de mais esta relevante missão da PM não são criminosos, não são bandidos. Ao contrário, são cidadãos, são pais e mães de famílias que trabalham de sol a sol para criarem seus filhos, iguaizinho aos nobres policiais que executam ou as autoridades que coordenam esta política pública acima citada. São jovens que passam seus dias na luta diária de seus estudos ou muitas vezes, trabalhando durante o dia e estudando à noite e, desta forma, contribuindo para o progresso do nosso país, assim como conhecemos vários e vários policiais nesta honrosa estatística.

Não passamos os nossos dias e noites arquitetando ou executando crimes, pois aqui, se trata de professores, estudantes, lavradores, pedreiros, profissionais liberais e autônomos, advogados, engenheiros, carpinteiros, servidores públicos, entre tantos outros. Desta feita, não se trata, portanto, de um embate contra malfeitores da sociedade e sim construtores, como o são também os membros da polícia em sua enorme maioria, ou seja, neste ponto somos todos iguais. Não somos inimigos da sociedade e sim a própria sociedade que a referida política pública visa proteger.

Assim, pedimos às autoridades e cidadãos sensíveis aos problemas e questões de interesse coletivo, que contribuam da forma que lhes for possível. E em especial:

Para que diligenciem no sentido de que nas mencionadas corriqueiras apreensões de motocicletas neste município, os homens e mulheres proprietários desses veículos sejam tratados/abordados como membros integrantes da sociedade que ajudam a construí-la, e não como destrutores. Que a cordialidade, o urbanismo, a educação e o pacifismo, típicos dos mais eficientes e brilhantes profissionais, sejam o tom. Que para estas missões sejam direcionados somente profissionais treinados e capazes de lidar com esse público específico. Aqui, diferente do que é típico à polícia e felizmente, a missão não é combater ou procurar bandidos perigosos.

José de Freitas-PI, outubro de 2011.

Por: Geosvaldo Ferreira da Silva (Cidadão e Servidor Federalda Justiça do Trabalho)