São Paulo – O corpo do estudante de 10 anos que atirou na professora e depois se suicidou dentro da sala de aula da Escola Professora Alcina Dantas Feijão em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, é velado no Cemitério das Lágrimas nesta sexta-feira, 23. O enterro deve acontecer às 16h, no mesmo cemitério. A família do garoto aguarda a chegada de familiares de Minas Gerais.
O crime – Estudante de uma escola pública modelo do ABC paulista, o menino de 10 anos levou na quinta-feira a arma do pai (um guarda-civil municipal com 14 anos de corporação) para a sala de aula e atirou na professora pelas costas. Na sequência, saiu da sala e se suicidou com dois tiros na cabeça. Os motivos que levaram ao crime ainda são investigados.
Os tiros aconteceram logo após um dos intervalos do turno da tarde, às 15h50. Os estudantes de algumas turmas ainda se dirigiam para as salas quando D., de 10 anos, aluno do 4.º ano C, se levantou, sem nenhum aviso, e apontou a arma para a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, que estava de costas naquela hora. Em seguida, atirou, para desespero dos 24 colegas de sala.
A professora levou um tiro na região posterior do lado esquerdo, na altura do quadril, e sofreu uma fratura na patela direita. Levada ao Hospital das Clínicas, na zona oeste da capital paulista, seu estado de saúde era moderado. O menino foi levado ao Hospital Albert Sabin, em São Caetano, onde morreu após sofrer duas paradas cardiorrespiratórias.
Sem respostas. De acordo com colegas e funcionários da escola, D. era muito estudioso, inteligente e calmo. Não havia nenhuma queixa contra ele na secretaria – nem por parte de seus colegas ou pais. Em seu perfil no site de relacionamentos Orkut destacavam-se diversas mensagens evangélicas – ele tocava bateria nos cultos.
Rosileide, por sua vez, já havia comentado com seu namorado sobre o garoto que lhe deu o tiro. ‘Ela dizia que o menino fazia brincadeiras violentas com os colegas, respondia de forma malcriada. E falou isso para a direção da escola. Acreditava que não devia estudar ali, mas em uma escola especial’, afirmou o namorado, Luís Hayakawo, de 37 anos.
Preocupado com as constantes reclamações de Rosileide sobre o ambiente do local, Hayakawo vinha tentando convencê-la a mudar de emprego. ‘Mas professor só dá aula no amor mesmo e ela ama dar aula.’
O secretário municipal de Segurança de São Caetano, Moacyr Rodrigues, porém, negou que a desavença existisse. Outros alunos também fizeram relatos diferentes. Da mesma maneira, não havia informações de que o menino sofresse bullying ou tivesse feito ameaças à professora, a funcionários ou a colegas.
‘Só sabemos, por enquanto, que não gostava da professora. Mas isso não é motivo para levar uma arma para escola e atirar em alguém’, afirmou o secretário de Segurança.
Fonte: Estadão