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Suspeito é torturado, jogado em formigueiro e OAB leva caso ao MP no Piauí

Matéria publicada em, 20/02/2014

Criminoso foi amarrado por populares e deixado em cima de formigueiro. Sessão ‘pública’ de tortura teria acontecido no bairro Dirceu II, em Teresina.
Criminoso foi amarrado e deixado em cima de formigueiro  (foto: reprodução/youtube)

Criminoso foi amarrado e deixado em cima de formigueiro (foto: reprodução/youtube)

O vídeo de um homem, de mãos e pés atados, circula no youtube e mostra um rapaz sendo atirado a um formigueiro. O episódio de tortura, cuja data e autor é desconhecida, teria acontecido em Teresina e é protagonizado por outros homens que estariam se vingando de um jovem que teria roubado uma casa na região. O caso chamou a atenção da comissão de defesa dos direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Piauí, que resolveu encaminhar, ainda nesta semana, uma denúncia ao Ministério Público Estadual (MPE) e solicitar uma investigação.

Na gravação, os homens ironizam o torturado: “Agora ‘tu’ lembra de Deus, é?” O homem aparece com o rosto inchado e gritando de dor, como mostra o vídeo gravado pelos autores da tortura que seriam integrantes de um grupo de justiceiros que se intitula ‘Apoio policial’. O áudio sugere que mais pessoas do que as que aparecem no vídeo assistem à sessão de tortura.

O episódio lembra o que ocorreu no Rio de Janeiro no dia 31 de janeiro, quando um adolescente de 15 anos foi encontrado nu acorrentado pelo pescoço a um poste com uma tranca de bicicleta. Ele foi agredido a pauladas por um grupo encapuzado e, segundo moradores, fazia parte de uma quadrilha que praticava assaltos na Zona Sul.

Segundo o secretário de segurança pública do estado do Piauí, Robert Rios, o caso está sendo investigado pela Delegacia Geral da Polícia Civil do Piauí. Ele nega que haja qualquer grupo de justiceiro no estado. “Não tem grupo de justiceiro aqui no Piauí e ninguém nem sabe se isso é verdade. Quem está acompanhando esse caso é o delegado geral da Polícia Civil do Piauí, James Guerra. Eu não sei de nada, nem vi nada”, declarou.

O presidente da comissão de segurança pública da OAB-PI, Lúcio Tadeu, acompanhou com tristeza o episódio de tortura. “Eu entendo q isso é um crime. Além de benefício arbitrário, tem crime de tortura aí também. Eu acho que o presidente da comissão de direitos humanos da OAB-PI, Francisco Campelo, tem que pedir a investigação mesmo porque, depois, esse tipo de coisa se volta contra a própria sociedade”, reforçou.

Lúcio Tadeu chama atenção para a falta de investimentos na segurança pública. Para ele, isso pode explicar a sensação de insegurança da população e o maior registro de casos de vingança ou justiça com as próprias mãos nos últimos meses no Piauí. “Eu atribuo à sensação de insegurança por que o país passa e a sociedade sente. De Norte a Sul, o país se reclama disso. E é cada vez menos investimento pra segurança. A segurança pública é o patinho feio. Enquanto não houver uma política de estado, permaneceremos no problema”, ressaltou.

Da Redação                                              fonte: G1


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