Ricardo Gomes deixa hospital após 21 dias

Foram 21 dias marcados por um misto de emoções. Inicialmente medo e apreensão. Depois tensão com momentos de incerteza. A cada passo dado vinha alívio e esperança. E, na manhã deste domingo, veio a notícia que todos esperavam: Ricardo Gomes recebeu alta e vai continuar o tratamento do acidente vascular cerebral (AVC) em sua casa. Com isso, o sentimento é um só: alegria. Por volta das 11h (de Brasília), o treinador do Vasco deixou o Hospital Pasteur, na Zona Norte do Rio de Janeiro, com a família. Segundo o neurocirurgião José Antônio Guasti, que operou Ricardo e acompanhou sua evolução, a recuperação é a melhor possível.

Ricardo Gomes, técnico do Vasco, que sofreu um AVE há três semanas
Guasti afirmou que Ricardo Gomes está perfeitamente lúcido, recuperando cada vez mais os movimentos do lado direito do corpo – atualmente ele está em três numa escala na qual o cinco é o ideal – e melhorando também a questão da fala. As sessões de fisioterapia e fonoaudiologia continuarão sendo feitas na casa do treinador, que irá contar com uma estrutura médica sempre monitorando cada passo da evolução. A recuperação tem sido tão favorável que até mesmo o retorno aos gramados é visto como uma possibilidade real.

Tanto Guasti como o clínico Fábio Guimarães Miranda disseram que a decisão de voltar a trabalhar como treinador do Vasco depende apenas da evolução em sua recuperação e do desejo do próprio Ricardo Gomes e de seus familiares. Clinicamente e neurologicamente não há qualquer contra-indicação, mas não há ainda um prazo para que isto possa ser discutido.

– Não existe prazo ou previsão que possamos medir neste momento. Cada caso tem o seu tempo. Ele pode levar um mês ou dois meses… Mas seu retorno ao trabalho só depende da vontade e do nível de recuperação dele. Por enquanto não houve manifestação nem dele e nem da familia quanto a isso até porque ele ainda ainda não tem condições. Neste primeiro momento é comemorar esta bela vitória que foi a sua alta e ter na cabeça que ainda existe longos dias de trabalho pela total recuperação pela frente – afirmou o doutor Fábio, que revelou que Gomes assistiu apenas aos gols da vitória sobre o Grêmio no último sábado.

– Ele não assistiu ao jogo inteiro, mas abriu um largo sorriso assim que ficou sabendo da liderança. Tudo isso é uma vitória para nós que vivenciamos este caso nas últimas semanas – disse.

Emocionado, Dinamite agradece e já projeta retorno

O presidente do Vasco, Roberto Dinamite, chegou logo cedo no hospital para acompanhar todo o processo de alta. Ele esteve ao lado da família durante todos os momentos desde que Ricardo Gomes foi internado e deu um fraternal abraço no treinador antes de ele ir para casa. Emocionado ao lados dos médicos durante a estrevista coletiva, o mandatário fez questão de agradecer todas as mensagens de apoio que recebeu até mesmo de clubes rivais e já projeta o retorno de Ricardo Gomes aos campos.

Dinamite dá coletiva ao lado da junta médica (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)
Assim como os próprios médicos, Dinamite não estipulou qualquer prazo. No entanto, o presidente reafirmou que vai esperar o tempo que for e respeitar qualquer que seja a decisão de Ricardo Gomes. Mas ele acredita que, assim como foi durante os últimos 21 dias, o treinador vai surpreender muita gente.

– Vivemos um momento único. Foi uma conquista de um ser humano fantástico como é o Ricardo Gomes. Sei que ele vai surpreender muita gente e logo logo estará ao nosso lado. Na verdade, ele nunca deixou de estar. O trabalho foi plantado e sua filosofia já está implementada no Vasco. A decisão é médica e da família, mas sinto que ele quer e vai estar ao nosso lado ainda este ano. Ele se sente útil. E se isso acontecer, as mensagens de apoio que recebi de todos os cantos do mundo foram fundamentais – afirmou.

Controle da hipertensão agora é obrigação

Assim que Ricardo Gomes sofreu o AVC, logo veio o questionamento do estresse da profissão. Junto com isso, todas as vezes que se fala em seu retorno, surge a dúvida se não seria melhor evitar novamente a carga de tensão e nervosismo que envolve o trabalho de treinador de futebo. No entanto, os médicos afirmaram que isto poderia ter acontecido em casa e que a questão chave neste momento é o controle da hipertensão arterial.

– Isto é algo que todos deveriam prestar atenção. É um mal silencioso e algo que o Ricardo vai ter de controlar via medicamentos o resto de sua vida. Com este controle, ele poderá realizar qualquer tipo de atividade que seja de seu desejo – afirmou o clínico Fábio Miranda.

Fonte: g1