Pep Guardiola não é mais o técnico do Barcelona

Não foi à toa que o anúncio da saída de Pep Guardiola do Barcelona nesta sexta-feira ganhou destaque absoluto em toda a imprensa internacional. Afinal, um jovem técnico, de apenas 41 anos de idade, que ganhou 13 títulos importantes de 19 possíveis (dois ainda em disputa) não é um técnico qualquer. E todos esse canecos em pouco menos de quatro anos, numa média de conquistas superior a de treinadores renomados e que estão há muito tempo na mesma equipe, caso do lendário Sir Alex Ferguson que, em 26 anos de Manchester United, levantou 34 troféus (pouco mais de um por temporada, contra três por ano de Guardiola).

 Ou seja, no clube catalão, lamentos pelo adeus de Pep. No resto da Espanha e pelo mundo, especulações sobre qual será o destino de Josep Guardiola i Sala, cidadão de Santpedor, pequena cidade de pouco menos de dez mil habitantes próxima a Barcelona.

O começo no Barça

E a trajetória do maior treinador da história do Barça no futebol começou no pequeno Gimnàstic de Manresa. No verão de 84, aos 13 anos, rumou para La Masia, centro de treinamentos do clube catalão.

Destaque das categorias de base, Guardiola estreou profissionalmente com a camisa blaugrana em 1990 e só saiu do clube em 2001, já veterano e com uma Liga dos Campeões no currículo (1992), para jogar no Brescia. Retornou à Catalunha em 2007, já aposentado, para assumir o time B do Barça. E, em apenas um ano, levou a equipe da Terceira para a Segunda Divisão espanhola.

Em 8 de maio de 2008, foi anunciado oficialmente o novo técnico da equipe principal do Barcelona no lugar do holandês Frank Rijkaard. E logo em sua primeira temporada (2008/2009), conseguiu uma tríplice coroa histórica (Liga dos Campeões, Copa do Rei e Campeonato Espanhol), feito que nenhum clube da Espanha havia conseguido antes. A partir daí, várias glórias: o Mundial de Clubes em 2009 diante do Estudiantes (dois anos depois, o bi, massacrando o Santos na decisão), Supercopas da Europa e da Espanha, outros troféus nacionais… E o “diploma” de professor da Escola Barcelona.

 Carrasco do Real

Se não bastassem os títulos, Guardiola também teve uma marca considerável à frente do Barcelona diante do maior rival do clube: o Real Madrid. Sob o seu comando, o Barça enfrentou os merengues em 15 oportunidades e venceu em nove oportunidades, sendo duas delas por goleadas lendárias (6 a 2 em 2009, e 5 a 0, em 2011).

Derrotas, apenas duas. Uma na semana passada, por 2 a 1, pelo segundo turno da atual edição do Campeonato Espanhol. E a outra em 2011, na decisão da Copa do Rei.

O revés na competição mata-mata é uma das poucas manchas negativas na trajetória de Guardiola. As outras frsutrasções foram: uma eliminação para o Sevilla no mesmo torneio em 2010, e outras duas, mais traumáticas, nas semifinais da Liga dos Campeões, para Inter (2010) e Chelsea (na última terça-feira).

 Desafetos

Apontado com um treinador camarada dos jogadores, Guardiola também teve seus desafetos. Logo quando assumiu, fez a “limpa” no elenco que contava com vários nomes campeões da Champions em 2006, permitindo a saída de Deco, para o Chelsea, e Ronaldinho Gaúcho, para o Milan. Um ano depois, não fez força para segurar Eto´o com quem não teve uma boa relação de acordo com a imprensa espanhola.

Para o lugar do camaronês trouxe Ibrahimovic que, curiosamente, acabou se tornando o seu grande “inimigo”, trocando farpas pela mídia e que culminou com a saída nada amistosa do sueco para o Milan em 2010. Outro jogador que deixou o clube no mesmo período criticando duramente Guardiola foi o volante marfinense Yaya Touré, reclamando dos privilégios que o treinador dava para os jogadores formados na base do Barça.

Reconhecimento dos ídolos

Sem dar bola para esses problemas, Guardiola seguiu à frente do clube catalão, bancou os jogadores e deixou o Barça nesta sexta-feira sob lágrimas, não só suas, mas de todo elenco – que compareceram à coletiva do adeus. Lionel Messi preferiu não ir, mas disse, em comunicado, que foi uma decisão para evitar justamente o choro.

 Mas, em entrevista recente, o argentino, que só se tornou o maior jogador do mundo depois que Guardiola passou a ser seu técnico, resumiu o que foi o ex-comandante no Barcelona.

– Pep é mais importante para o Barcelona do que eu – disse o camisa 10.

 

Fonte: GloboEsporte.com