Opinião: Qual é o cupim que está comendo o retrato?

Corrupção: esse mal tem cura

Nada nos assusta tanto quanto a morte. E o medo que ela desperta talvez seja o mais universal dos sentimentos. Não sabemos quando, onde e como, mas certamente morreremos. Todo homem morre, os homens sempre morreram e sempre morrerão. A longa e inevitável convivência dos homens com o fim da vida é causa do maior dos seus temores. O romance “Intermitências da Morte” do Nobel de Literatura José Saramago, faz-nos meditar sobre esse tema: e se não morrêssemos mais?! A morte na obra do escritor luso realiza dois papéis: serve para ironizar a questão econômica, fundamental no mundo capitalista, como também, constitui uma vigorosa afirmação da vida. Viver é isso, é lutar contra a morte todo tempo, o tempo todo.

Citei Saramago e sua morte intermitente para falar de outra morte: a morte da esperança. Essa morte que morremos a toda eleição, a toda escolha errada, a toda confiança dada à pessoa errada. Uma morte causada pela decepção de um sonho (ou desejo) a alguém depositado. É uma morte quase invisível para muitos que são egoístas. Uma morte lenta e dolorosa. Dolorosa para aqueles que, formando a maioria da população desse país (e dessa cidade, certamente), não têm direito a nada. Talvez essa seja a pior das mortes, por que é intermitente como a do autor português. Bem que poderia ser morte logo de uma vez, sem interrupções. Por que, nessas intermitências, é que depositamos todas as nossas esperanças. E, então, novamente, caímos em traição, e voltamos a morrer, acostumados, cada vez mais sem desfaçatez. E assim vamos morrendo intermitentemente. Até quando? Será se não podemos curar esse mal que nos impede de morrer de uma vez só? Eu preferiria morrer ininterruptamente. E que mal é esse?

Caro leitor, nem mesmo eu sei se entendi o emaranhado de palavras que criei para explicar o óbvio: o que nos mata intermitentemente é a CORRUPÇÃO!

E o que é mesmo a corrupção? Bem, em poucas palavras posso dizer que corrupção é o abuso de uma função pública para fins privados. Ela está entranhada nas administrações públicas no Brasil como um câncer que destrói sem dó nem piedade. Porém, ainda há solução. Para se controlar a corrupção é preciso que se tomem três atitudes: uma é responsabilizar os indivíduos envolvidos em corrupção, de modo que se diminua a expectativa da impunidade, que é um dos principais fatores responsáveis pela corrupção atualmente, outra é que é necessário desenvolver sistemas preventivos, incluindo transparência, prestação de contas e fiscalização, que, certamente diminuem as oportunidades para novos acordos corruptos, e a derradeira é que nunca, mas nunca mesmo, o povo use o poder do seu voto para eleger quem já foi testado e reprovado pela população: os fichas sujas!

Mas, como disse, ainda há jeito, apesar de vivermos numa sociedade onde o capital é tudo e mais alguma coisa. Onde o poder econômico corrompe e desintegra os caráteres, onde quem tem dinheiro não precisa seguir leis trabalhistas, obedecer regras de trânsito, seguir normas de proteção ao meio ambiente, etc e tal.

Como disse Maquiavel, “a corrupção e a inaptidão para viver livre provêm da desigualdade para cuja eliminação é preciso pedir socorro a remédios extraordinários, coisa que poucos homens sabem ou querem fazer”.

Então, imaginamos que a corrupção somente será banida de nossa sociedade quando tivermos governos justos, isto é, do próprio povo, mas nunca esses impostos pela atual “democracia”, que finge colocar no poder homens do povo. Só assim, deixaremos de morrer intermitentemente…

(Por Eduardo Cardoso, professor da rede pública estadual e municipal de ensino em José de Freitas-PI)