Mensalão nunca existiu segundo defesa de acusados

Marcos Valério, mentor do mensalão
A defesa apresentada pelo publicitário Marcos Valério na Ação Penal do mensalão alega que foi dada a ele uma importância desmedida no processo. Nas alegações finais, o advogado Marcelo Leonardo diz que a base de apoio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso operou “habilidosamente” para desviar o foco das investigações, que recaiam contra a classe política, para um “absoluto desconhecido” do ramo da publicidade e propaganda.

“A classe política que compunha a base de sustentação do Governo do Presidente Lula, diante do início das investigações do chamado “mensalão”(…) habilidosamente, deslocou o foco da mídia das investigações dos protagonistas políticos (Presidente Lula, seus Ministros, dirigentes do PT e partidos da base aliada e deputados federais), para o empresário mineiro Marcos Valério, do ramo de publicidade e propaganda, absoluto desconhecido até então, dando-lhe uma dimensão que não tinha e não teve nos fatos objeto desta ação”, diz trecho da defesa.

Marcelo ainda chamou a acusação da Procuradoria-Geral da República, inicialmente assinada por Antonio Fernando de Souza e com a peça final produzida por Roberto Gurgel, de “criação mental”. Disse que, caso fosse verdade a tese do mensalão, “o simples operador intermediário” teria sido alçado à figura central, o que seria “raríssimo” em processos criminais.

“É raríssimo caso de versão acusatória de crime em que o operador do intermediário aparece como a pessoa mais importante da narrativa, ficando mandantes e beneficiários em segundo plano, alguns, inclusive, de fora da imputação, embora mencionados na narrativa, como o próprio ex-presidente Lula”.

Negando a existência do mensalão, a defesa de Valério diz que todo o dinheiro fruto de empréstimos do Banco Rural e BMG foi repassado legalmente ao PT e seria usado para o financiamento de campanhas. Sobre o papel central do publicitário no processo, o advogado diz o seguinte:” A classe política armou, a mídia aceitou, o PGR embarcou”.

Ao negar os crimes, a defesa também diz que Valério teve sua presunção de inocência desrespeitada e que o uso do termo “Valérioduto” na mídia colaborou para uma condenação antecipada do réu.

Além da absolvição do publicitário, que responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa, peculato, formação de quadrilha e evasão de divisas, a defesa também requer o impedimento do relator da matéria no STF, ministro Joaquim Barbosa. Alega que ele já taxou Valério como um “expert” em lavagem de dinheiro, demonstrando uma condenação antecipada.

A defesa também pede que o caso saia do Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que Valério não possui foro privilegiado, e seja enviado para a Justiça Federal de 1ª Instância.

Fonte: ig