Editorial: O povo freitense soltou seu grito entalado na garganta e espera uma solução

Há muito tempo o povo desta terra, usuário do transporte público prestado pela empresa São Joaquim, sofria silenciosa os abusos, maus tratos, péssimos serviços e preços exorbitantes cobrados por aquela empresa.

Para quem conhece a causa eram visíveis o desgosto e sofrimento que passam os cerca de 3 mil usuários que diariamente utilizam aquele sistema de transporte, seja pelo preço abusivo, a superlotação nos ônibus ou a irregularidade nos horários, causando grande espera nas paradas, o desdenho e desprezo das autoridades e do próprio dono da empresa que, em momento algum, levaram em consideração e buscaram solucionar as reclamações dos usuários, o despreparo da maioria dos funcionários, que seguem o exemplo do patrão, maltratando os usuários, que são, de fato, quem sustentam a empresa.

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Diante de tudo isso, seria latente que mais cedo ou mais tarde isso iria ocorrer, o povo iria levar seu grito, suas angústias, seu clamor por respeito e condições mais dignas às ruas. Fato este que, diante de tanta mazela, demorou a ocorrer devido à forma pacífica e passiva como o povo é formado por seus formadores de opinião (professores, imprensa e autoridades). Contudo, esqueceram-se do novo meio utilizado pelos jovens para debaterem e formarem suas opiniões: as redes sociais. E aqui fica o alerta a alguns que ganham a vida como professores e formadores de opiniões: cuidado, se não reverem seus conceitos, em breve estarão sendo constrangidos por seus próprios alunos e interlocutores, que lhes darão aula de política e exercício de cidadania!

De fato, o que ocorreu ontem à noite, 28/06/2013 (o incêndio de dois ônibus), poderia muito bem ser evitado, se quem de direito tivesse tomado a frente e encaminhado as devidas medidas para solucionar o conflito, afinal foi uma semana inteira de protesto, o povo na rua gritando, clamando, esperando ser ouvido.

Foto: Wesley Oliveira - Ônibus queimados - imagem desta manhã de sábado (29)
Foto: Wesley Oliveira – Ônibus queimados – imagem desta manhã de sábado (29)

Analisemos e busquemos soluções para o caso

Primeiro, a pessoa legítima para tomar os encaminhamentos e buscar as soluções para este caso seria o chefe do executivo (aos apaixonados, não tomem isso como um entrevero político, mas sim uma análise da lógica de como funcionam as coisas em uma democracia). O prefeito que está delegado através do voto popular por quatro anos, e é o representante legal dos cerca de 40 mil habitantes desta terra. Então, se seu povo está passando por uma crise, ele como representante maior deste, teria que buscar soluções para resolver o problema e evitar que chegasse ao ponto que chegou ontem.

De início, o prefeito deveria se reunir com os líderes do movimento e com os vereadores e pedir que estes expusessem seus anseios e reivindicações e, se possível, apontassem as soluções para o caso.

De posse das reivindicações dos usuários, o chefe do executivo, que tem poder para isso, pois representa o 10º maior colégio eleitoral e a 11ª cidade em número de habitantes deste estado, deveria buscar uma audiência com o governador. Exigente no desempenho de seus secretários como tem se mostrado o atual governador, e levando em conta que sua esposa foi por duas vezes a deputada estadual mais bem votada neste município, certamente daria os devidos encaminhamentos para a solução do problema junto à secretaria de transporte do estado (Setrans-PI). Isso se faz necessário porque se o prefeito for diretamente ao secretário, a solução do problema será mais uma vez empurrada com a barriga, diferentemente do que se ele for com o aval do governador.

Possíveis soluções para o caso

Como se sabe a empresa São Joaquim, apesar de prestar o serviço exclusivamente para o povo desta terra, não desconta os devidos impostos para a cidade de José de Freitas, mas sim para a capital Teresina. Dai deveria partir a briga da assessoria jurídica desta cidade, lutando para que estes impostos sejam descontados para o fisco municipal de José de Freitas. De posse do direito de cobrar estes impostos ou a prefeitura daria isenção fiscal para a empresa em troca da redução da passagem, ou optaria por cobra-los e com os recursos subsidiar a baixa nas passagens.

Outra atitude seria baixar a margem de lucro da empresa de ônibus prestadora de serviços, que todo mundo sabe que é altíssima, e nisso nossos vereadores poderiam ajudar, conseguindo as planilhas de custos e lucros das empresas de transporte coletivo de Teresina que, numa comparação, seria possível comprovar que os gastos de lá são muito maiores, e mesmo assim conseguem manter uma passagem de R$ 2,10, menos da metade do que é cobrado em José de Freitas. Além disso, exigir a transparência dessas planilhas para que toda a população ficasse a par da margem de lucro da empresa.

Outro aspecto importante para a redução da tarifa e que é uma das maiores cobranças dos usuários é a abertura desta linha para a concorrência de outras empresas, quebrando o monopólio, o que certamente forçaria a redução dos preços da passagem.

E por fim, outra solução, mais danosa para os cofres públicos e menos indicada, seria a aprovação de uma lei que subsidiaria a metade da passagem aos estudantes baseada em projeto de iniciativa popular (veja link do projeto de lei: https://www.revistaopiniao.com/politica/estudantes-lancam-projeto-de-iniciativa-popular-por-meia-passagem-entre-jose-de-freitas-e-teresina.html).

Contudo, é possível a mudança, mas com a forma de administrar instalada na prefeitura de José de Freitas, que busca beneficiar pessoas ou  grupos específicos em detrimento da sociedade em geral, dificilmente essas atitudes (todas elencadas aqui, prontas para serem postas em prática) serão tomadas , a julgar pelas palavras de um membro da administração municipal, que inclusive representa a categoria de usuários, que ao fazer uso da palavra na quarta-feira, 26 de junho, durante a manifestação, foi bem claro ao dizer que “ficasse bem claro, que aquele problema não era da administração municipal, e sim da secretaria estadual de transportes”, num ato de ignorância ou inocência.

Da Redação