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Beatificação de João Paulo II desperta entusiasmo e críticas

Matéria publicada em, 27/04/2011

Estará o papa João Paulo II ganhando uma auréola cedo demais?

Enquanto o Vaticano se prepara para deixar o falecido pontífice um passo mais próximo da santidade no próximo domingo, o mundo católico é tomado pela febre da beatificação.

Roma está adornada com pôsteres do ex-papa em ônibus e postes de iluminação, e a cidade onde ele foi bispo durante 27 anos aguarda uma das maiores multidões desde seu funeral em 2005, quando milhões foram prestar seu tributo.

Papa João paulo II

Pelo menos algumas centenas de milhares de pessoas são esperadas para a missa na Praça de São Pedro, onde seu sucessor, o papa Bento XVI, pronunciará uma fórmula latina declarando um dos papas mais populares da história um ‘abençoado’ da Igreja.

Os preparativos frenéticos em Roma, na Polônia nativa de João Paulo II e ao redor do mundo se equiparam aos do casamento real em Londres na sexta-feira e silenciaram as vozes de uma minoria de católicos que pergunta ‘qual é a pressa?’

A resposta depende da definição de santidade.

‘O julgamento oficial da Igreja se harmoniza com o julgamento espontâneo dos membros da Igreja,’ disse George Weigel, teólogo norte-americano e biógrafo papal.

‘O que está acontecendo é o reconhecimento de uma vida cristã vivida com nobreza e na qual todos podemos nos inspirar’, afirmou Weigel, que conheceu o pontífice, à Reuters.

No funeral de João Paulo II a multidão entoou a hoje famosa frase ‘Santo Subito’ (Santo agora).

Bento XVI, eleito em um conclave secreto algumas semanas depois, decidiu não fazê-lo, mas de fato dispensou uma regra da Igreja que normalmente exige um período de espera de cinco anos antes que as preliminares burocráticas que levam à canonização possam começar.

A rapidez da beatificação de João Paulo II estabeleceu um recorde para os tempos modernos, levando seis anos e um mês após sua morte em 2 de abril de 2005.

Sua vida, trabalho e escritos foram dissecados e as exigências para a beatificação foram satisfeitas quando o Vaticano declarou que a cura inexplicável de uma freira francesa que sofria do Mal de Parkinson, e que orou a ele depois de sua morte, foi devida à intercessão de João Paulo II junto a Deus para realizar o milagre.

Após a beatificação, outro milagre terá que ser creditado a João Paulo II para que ele se torne um santo. Muitos acham que isto já está decidido e que se trata de uma questão de tempo.

Em meio ao júbilo, uma minoria discordante se manifestou.

‘Tenho um respeito genuíno pelo homem – sua juventude heróica, sua autenticidade incorruptível, sua coragem histórica ao confrontar o regime comunista na Polônia. Ele foi devidamente homenageado por tudo isso’, disse James Carroll, proeminente autor norte-americano e colunista, além de ex-padre.

‘Mas a santidade é outra coisa. Acredito que ele infligiu enormes danos à igreja de muitas maneiras. Também acho que o Vaticano defende interesses próprios no processo de canonização em geral e no de João Paulo II em particular. É uma tentativa de resguardar sua autoridade vazia’, declarou ele à Reuters.

Fonte: Reuters


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